📝 Notícias da Semana #1 – Uma visão Complexus sobre o mundo

Os Protestos no Nepal e o atentado contra a vida de Charles Kirk não têm nada em comum, será?
Dois eventos desconexos, até mesmo geograficamente, chamaram muita atenção na semana que passou: os protestos contra a classe política no Nepal e o assassinato de Charlie Kirk. Esses fatos refletem dilemas universais: a luta contra governos deslegitimados e os perigos do fanatismo ideológico. Tudo remete à busca e a manutenção do poder em diferentes arenas e a filosofia tem muito a nos ensinar sobre isso.

Notícia 1: Protestos no Nepal

Viralizaram nas redes sociais fotos mostrando filhos de políticos, de alto escalão, do Nepal levando uma vida de luxo enquanto a maioria da população enfrenta diversos problemas sociais muito sérios. A partir daí, milhares de pessoas, em sua esmagadora maioria da Geração Z, tomaram as ruas de Katmandu protestando contra a desigualdade social e pedindo a queda do governo. Uma nova primeira-ministra foi nomeada e as autoridades estão prometendo reformas sociais.

Análise Complexus:

A história possui diversos exemplos que mostram que: quando a legitimidade política falha, a rua se torna o espaço final de disputa. Essa instabilidade normalmente leva à uma desordem social, uma “crise”, que deve ser resolvida com um rearranjo das estruturas de poder, e também das relações sociais, para satisfazer às novas demandas. Portanto, podemos concluir que o fato em si é uma repetição de outros protestos sociais anteriores (da Revolução Francesa às Diretas Já no Brasil).

O grande ineditismo foi por conta da participação relevante da geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, ou seja, pessoas na faixa dos 15 aos 30 anos. Segundo dados da ONU de 2019, cerca de 32% dos habitantes do planeta eram da geração Z. Com essa proporção, eles representam a maior parcela da população mundial e, pelo visto no Nepal, já começaram a fazer sua presença ser sentida na arena do poder político. Será que essa transformação demográfica levará a mais ou a menos disputas de poder, nos próximos anos, por conta do conflito com os valores diferentes entre as várias gerações?

Notícia 2: Assassinato de Charlie Kirk

O assassinato de Charlie Kirk, enquanto fazia uma palestra/debate dentro de uma universidade, repercutiu globalmente e nos trouxe, dentre várias outras, a seguinte pergunta à mente: porque ainda existe tanta intolerância no mundo?

Análise Complexus:

O Fanatismo, seja religioso, político ou até mesmo pelo seu time de futebol, já foi muito estudado pela filosofia. Um dos estudos mais famosos foi o do filósofo Voltaire, que escreveu: “Posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo”. Voltaire defende que o ser humano é intolerante por natureza e que devemos lutar ativamente contra essa tendência para buscar um estado de maior bem estar social. Um ser humano, complexo como é, não pode ser definido por uma redução à somente uma das suas partes (como o time que torce, raça ou escolha sexual). Devemos criar uma sociedade que acolha os indivíduos como um todo, somente assim podemos aspirar um estado de verdadeiro bem-estar social.

Além disso, há nesse acontecimento uma reflexão muito importante sobre o direito através do uso da força. Rosseau falou bastante sobre ele e definiu esse direito como não legítimo. Por mais que calar nosso adversário traga o fim da discussão, esse “calar” não se dá pela superioridade intelectual de um argumento sobre o outro, e sim pela necessidade de se preservar a própria integridade física. Ou seja, minha dúvida é: o que leva um ser humano a assassinar outro mesmo sabendo que isso não garante o famoso “eu estou certo e você está errado”? Realmente somos uma sociedade que não consegue discutir com pessoas de pensamentos diferentes? Estamos satisfeitos com isso?

Conclusão

Dos protestos nas ruas do Nepal ao sangue derramado pela intolerância no caso Kirk, um mesmo fio condutor aparece: o ser humano buscando o poder. Seja na arena da política ou na da ideologia, lutamos para afirmar quem somos em meio ao caos. Mas a pergunta que fica é: Qual o limite aceitável da discordância até que se recorra à violência? Você acha aceitável recorrer à violência para derrubar um governo deslegitimado? E quanto à violência, como recurso, para encerrar uma discussão acadêmica?

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